
20 de Julho de 2024 às 13:35
Longa escrito e dirigido pela espanhola Estibaliz Urresola Solaguren é um comovente drama, indicado a 15 categorias do Prêmio Goya, incluindo melhor filme, saindo vencedor dos prêmios de Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Direção Revelação.
O filme começa com a partida de Ane (Patricia López Arnaiz) para o interior, onde passará uns dias na casa da mãe com os três filhos. O marido Gorka (Martxelo Rubio) permanece na cidade, ficando clara a crise instaurada entre eles.
Ane aproveita essa pausa para trabalhar na oficina de esculturas do falecido pai, mas a convivência com a mãe, a conservadora Lita (Itziar Lazkano), vai trazer à tona antigos conflitos de família (quem nunca?). Ao mesmo tempo, o filho caçula Aitor, (interpretado pela incrível atriz Sofia Otero) dá início a uma verdadeira revolução interior e o que antes poderia ser ignorado ou considerado “coisa de criança”, toma força e se faz maior: Aitor não se reconhece no corpo de menino.
E o que fazer quando a natureza humana se impõe de maneira tão forte e real? Há quem negue, desconsidere e rejeite, mas há também quem acolha, aceite e estenda a mão. Vinte mil tipos de pontos de vistas e enfoques, tão numerosos, quanto o número de espécies de abelhas, que compõem o título e o pano de fundo do filme.
Mas não é somente sobre gênero. São muitas as questões envolvidas nesse filme: o casamento em crise, a relação complicada com a mãe, que por sua vez tinha suas questões com o falecido pai, a religião, o preconceito, os conflitos inerentes às questões femininas : trabalho, relacionamento, maternidade…. Enfim, uma beleza de roteiro que, apesar das vinte mil possibilidades, não perde o olhar carinhoso à questão de Aitor, ou seria Lucía? Sim, é assim que ela se define.
Deve ser muito difícil não se identificar com o que se é, e não poder ser o que bem entender. E quando se é “diferente” assim, não deve ter mais nada alentador do que ser aceito pelo que se é, sem julgamentos ou maiores questionamentos. Muito tocante quando a tia-avó “progressista” abraça a alma da sobrinha, oferecendo entendimento, acolhimento e aceitação. Afinal não é isso que todos nós procuramos?
A interpretação da pequena atriz Sofia Otero, de apenas oito anos na época, em seu primeiro filme, é tão forte e especial, que é impossível não se comover . Me lembrou a atriz do filme “A Menina Silenciosa” (Catherine Clinch) outro primor do cinema, sobre o qual já escrevi aqui. Realmente brilhante e digna de todos os prêmios. Impossível não sentir empatia.
Delicado, sensível, humano. Achei esse filme de uma beleza singular … Amei.
Disponível no Prime ✅
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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