A Cidade e os Homens

Por Leonel Veloso, em CRÔNICA

A Cidade e os Homens

04 de Agosto de 2017 às 03:53

Avista-se a cidade ainda de longe. De carro, de moto, de perto, de fronte; tão logo ela esteja, mais próximo corteja. De perfeitos rabiscos a complicados abismos, à primeira vista, a cidade já mostra seus ares imprecisos. Às vezes perigosos, estes nos tornam à vontade, habituando-nos àquela forma aparentemente estranha, ou por que não audaciosa, de ver a vida.
A cidade se mostra, assim, protagonista. Por vezes tranquila, torna-se agitada e soturna, seguindo em consonância com as imperfeições das horas. Sentimos o clima mudando, influenciando, contornando. Do inverno que impede o entrar da luz ao Sol que ilumina até o mais tardar, as temperaturas externas passam a ditar o nosso interno. E com elas nos tornamos alegres, tristes, raivosos, deprimidos.
Somados a estas, deparamo-nos com tantas outras influências incertas. É, por seu turno, como o trânsito que impede um encontro ou a multidão que desencontra; a violência que mutila ou a paz impeditiva. É como as horas que se passam, fugazes; como o moço, o velho e o estardalhaço de um fim aproximado.
Há cidades, por vezes, que brilham em coadjuvância, onde duvidamos dos nossos próprios desejos. Talvez, por percebermos menos o que incomoda, ou por termos menos acessos; ou, quiçá, por termos relaxado até em nossos sucessos. E querelamos que é o outro que incomoda. Reclamamos que nos tornamos frágeis, imprecisos, indiretos, apesar de tudo tão perto. Não olhamos para perto.
Brincamos com este local sem perceber que estamos sendo moldados por ele. E ao nos deslocar de um espaço a outro, de um momento a outro, de um estalo a outro, transformamo-nos. Junto com a cidade, mudamos de forma, aprendemos, crescemos. Em conformidade, terminamos passando de um Estado a outro sem refletir o nosso próprio estado.
Nos encontros com este concreto, avistamos o abstrato: conhecemos as pessoas. E nos relacionamos, vivemos, mudamos. Deixando-nos levar pelo momento, tocamos em vidas, moldamos a nossa e influenciamos as rotas. Aproximamo-nos.
Sem a cidade, resta saber, como seria?
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