Afluente

Por Raul Lopes, em POESIA

Afluente

30 de Setembro de 2015 às 20:10

Decorar

Tenho que decorar esse quarto, a posição da cama, dos móveis, de tudo que habito. A tv, o criado mudo, o abajur e os travesseiros. Sei que isso dá trabalho e demanda tempo, mas tenho que afagar meus anseios. Certamente será um alento pra quando sentir saudade.

 

Com licença

Fiat Lux! Se fez o samba, do nada uma caixa de fósforos com palitos queimados e virados - "Silencio por favor, enquanto esqueço um pouco a dor do peito". Não tenho culpa se esse pendão também bate no meu coração.

 

Que filme é esse?

Quando não nos sustentamos, criamos uma outra pessoa para que possamos depositar tudo aquilo que transborda, o exagero, aquilo que queremos esconder não de si mesmo, mas dos outros.

O passado é um fantasma, a desconfiança assombra. O medo de uma nova traição faz com que se crie uma certa distância que só encurta quando é reconhecida e só desaparece quando se destrói os fantasmas, ou melhor, as aranhas.

Normalmente é singela, de olhos claros e pele tenra, esperançosa de que o passado de seu marido é pagina virada, tenta entende-lo, tenta encontra-lo, mas a cada passo, um susto. 

Por outro lado, ele, desistir? Nunca, mas as tentações “se apresentam como um padrão que ser repetem por toda história”, são cíclicas. 

Entre estar do lado daquela escolhida pra casar e a traição, o faz sair de marido amado a uma vítima presa na teia de um terrível aracnídeo.

Pra quem está sufocado existe um limite, é nesse limite que se exorcisa as angustias, e aí tudo desaparece, tudo volta a normalidade e nada mais é pesadelo, mas como tudo é cíclico, basta baixar a guarda que nos sentimos novamente presos à teia.

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