Arcade Fire - Reflektor (2013)

Por Raul Lopes, em MÚSICA

Arcade Fire - Reflektor (2013)

13 de Agosto de 2014 às 00:13

A bola da vez desta semana no Entrerios é o Arcade Fire. Banda originária das cidades de Montreal e Quebec, no Canadá, que desde 2003 já gravaram 4 discos. O som do grupo é caracterizado pelo uso de muitos instrumentos e por isso contam com 7 integrantes oficiais, além de outros componentes que se revezam para darem suporte aos concertos ao vivo. O último disco da banda, Reflektor,  foi lançado em setembro de 2013 e apresentado no Brasil em abril deste ano no  festival Lollapalooza, na cidade de São Paulo.

Indo direto ao ponto, o disco abre com a faixa Reflektor. Esta música bem que poderia ter sido feita e cantada por David Bowie (fã declarado da banda) e seria bem alocada no final da chamada “Fase Berlim” do cantor. Os backing vocals são perfeitos e o teclado entrega a influencia dos anos 80. A musica vai crescendo e os instrumentos vão surgindo de forma harmoniosa e hipnotizante. A musica é tão próxima de Bowie que o próprio cantor aparece no final da música com seu timbre grave, o que nos faz ter a certeza de que o vocalista Win Butler preparou esta para o camaleão.

Em We exist a guitarra é trabalhada de forma pontual e o pano de fundo é preenchido pelo teclado que apresenta um clima leve. Como a maioria das músicas da banda, sem que se possa perceber, a melodia atinge um nível épico e o curioso é que no ponto mais baixo, o contrabaixo marca e segura a evolução da música sem deixar a bola cair.

Em Flashbulb Eyes impossível não lembrar de Clash nas investidas como Amargideon Time e Guns of Brixton. Há um retrato dos anos 70/80, onde o Reggae e o Punk dividiam espaço pela Portobelo Road no bairro de Notting Hills, em Londres. É um Bubbly, uma espécie de reggae psicodélico que parece ser executado por Joe Strummer.

Em Here Comes The Night Time a conclusão é que estes caras devem ouvir musica do mundo inteiro. Não ache estranho a batida quebrada. Aqui a bateria se destaca marcando o ritmo. Ninguém entra no espaço de ninguém e o sincronismo é tão perfeito que se um instrumento surge ou desaparece torna-se imediatamente perceptível. No final da música todos os instrumentos surgem e crescem. É indescritível. Daquelas músicas pra terminar o show.

Normal Person e Joan Of Arc são mais diretas, cheias de elementos modernos. Guitarra suja e bateria roqueira, de fazer inveja a Jack White e todos os seus projetos. Mesmo se não agradecessem no final de Normal Person, a música merece um "de nada".

Em You Already Now, de cara tem uma voz que diz: "Arcade Fire" com o típico sotaque inglês. Talvez uma nova referência ao Bowie. Aqui o baixo é o responsável pela cadência e ritmo intenso, com belas variações, que deve ter deixado o britânico Robert Smith muito orgulhoso e saber que “Close to me” deu cria.

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Cabe um parêntese, as referências a outras bandas são inevitáveis dada a boa colheita do que surgiu nos anos 80, mas nem por isso o Arcade Fire é cópia. Muito pelo contrário, a banda tem assinatura e identidade própria. O multicitado Bowie entende bem esta situação.

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A segunda parte do disco conta com Here Comes The Night Time II, Awful Sound, It’s Never Over, Porno e Supersymmetry, que respondem pelo clima mais lento e mais eletrônico não menos valioso. É necessário reduzir a marcha e ouvir cada detalhe.

Enfim, Afterlife, ponto alto do disco, letra e música. Nesta, propositadamente, a percepção e o comentário ficará por conta do leitor, o link segue abaixo:

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