Borgman (Holanda, 2013)

Por Raul Lopes, em CINEMA

Borgman (Holanda, 2013)

02 de Julho de 2014 às 23:23

Logo de cara o homem acompanhado de um cachorro convoca um metalúrgico, que armado de uma lança, convocam um padre, que armado por um rifle, dirigem-se a floresta a procura de um homem, mais especificamente um mendigo. A primeira pergunta que se faz é: que tipo de homem é esse que faz com que um padre possa querer mata-lo? O imaginário nos indica uma figura extremamente abominável, o mal na pele de um ser humano.

São com essas primeiras cenas que o roteirista e diretor Alex van Warmerdam nos apresenta Borgman, uma produção holandesa indicada para o festival de Cannes de 2013. O que mais chama atenção no filme é o seu roteiro, um misto de horror, suspense, humor negro e personagens insólitos, por essas características o filme foi comparado, com razão, a Dente Canino (GRE - 2009), de Giorgos Lanthimos, e Violência Gratuita (ALE - 1997), de Michael Haneke.

Voltando ao roteiro, após escapar da morte, o mendigo Borgman avisa aos amigos (definição mais próxima da relação entre Borgman e seus suditos) que foram descobertos e que devem fugir rapidamente, como se partissem para uma nova empreitada. Em seguida, caminha tranquilamente numa região burguesa batendo de porta em porta pedindo que o permitam tomar banho. Essa é a chave para que o mendigo possa entrar na casa e transformar a vida dos moradores. Segundo as palavras do próprio diretor "No filme eu quis mostrar que o mal surge na vida de todos, em homens e mulheres comuns, normais e educados".

O mal espera uma brecha para entrar na vida de cada um dos membros da família, vampiriza um a um, despertando o pior dos sentimentos de cada personagem. Ainda se pode observar o filme pela ótica da segregação de classes sociais, do preconceito, ou até mesmo como associar o errante a um libertador. Borgman é um mendigo que juntamente com outros excluídos ameaçam a paz a tranquilidade da classe burguesa.

Sobre as várias interpretações que o filme pode ter, o músico inglês David Bowie nos tranquiliza quando disse que: “Toda arte é instável. Seu significado não é necessariamente aquele sugerido pelo autor. Não existe voz autoritária. Só existem múltiplas leituras".

Sendo o mal ou um problema de classe social, Alex van Warmerdam deixa claro que tanto um, como outro, estão em franca expansão.

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