06 de Novembro de 2018 às 11:59
Duvido quem me pega! Tão logo que pronunciou a incendiária frase ele correu. Correu sem olhar pra trás, correu pra fugir, correu pra se livrar, correu desenfreadamente até que a sensação de liberdade ficasse maior do que o medo de ser pego. Foi uma corrida reta, daquelas que o atrito do vento afastava a franja sempre colada na testa permitindo uma visão mais límpida do horizonte.
Os outros bem distantes, desorientados, estavam perdidos e, sem sem rumo, começam a regressar ao ponto inicial da brincadeira.
Em linha reta ele ainda corria, corria e corria, com sua marcha macia parecia flutuar numa insustentável leveza.
Mas logo os passos e a respiração começaram a encurtar, os ombros caíram e a cabeça tombou para baixo passando a olhar para o chão. Com os braços soltos e balançando desordenadamente ele parou e ofegante inclinou o corpo pra frente repousando a palma das mãos sobre os joelhos.
Ali tão longe de tudo, tão longe de todos, num silencio ensurdecedor, começou a ficar confuso, sentia medo, sentia-se só e diante do desconhecido começa a entrar num estado catatônico. Sentado, acuado e sem se mover, se encolhe e põe os ouvidos entre os joelhos e os braços envolta dos joelhos apertando tudo. Ouve distorções, camadas e camadas de ruídos que pareciam vir de dentro e, como numa explosão, levanta-se e desesperadamente corre de volta pra casa.
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