Cronicamente Viável: Os oito

Por Raul Lopes, em CRÔNICA

Cronicamente Viável: Os oito

02 de Fevereiro de 2016 às 21:56

Não sei se era quarta ou quinta, mas isso pouco interessa, desde segunda estava tenso. Será que vai dar certo? Tínhamos que passar na Babylândia e falar com o dono. Eu não sabia quem era, mas ele patrocinava e poderia nos apresentar os oito.

Ao meio dia, naquela hora que ninguém nasce nem morre, me ligaram no 232-3653, como estava de plantão ao lado do telefone, prontamente atendi:

- Alou?
- Olha só, tô indo te pegar.
- Tudo bem, já estou pronto.

Perdão, isso era março de 1990. Entrei no carro e meu amigo logo me disse: vamos pegar os ingressos e depois encontrar os caras no Rio Poty hotel. Com é ??

Fomos à Babylandia da Lisandro Nogueira, rua na qual eu morei até meus 6 anos e alí conhecia tudo, todas as esquinas, lojas de bicicleta, pesca, mercado de pássaros, o museu do Piauí ... até mesmo do Maluf, um bêbado que morava por alí e sempre passava resmungando e gritando quando o povo gritava: Maluf !! Ele descia a Lisandro Nogueira até a avenida Maranhão cuspindo marimbondos.

Nos fundos da loja havia uma sala pequena, era o escritório do dono, ao entrarmos, logo meu amigo se apresentou: Oi sou o Flávio, viemos pegar os ingressos. Claro, pode pegar, vocês querem quantos? Estava à direta do Flávio e disse: Acho que 4 (tinha ainda meu irmão e um primo pra ir pro show). Havia um bloco interminável de ingressos, ele destacou os 4 e nos entregou. Na sequencia, sem respirar, disse: vocês querem ir para o hotel conhecer a banda? Prontamente: - SIM!

Batata! Como num piscar de olhos estávamos na recepção do Rio Poty hotel, na entrada nos pediram pra esperar num pequeno ambiente que fica próximo aos elevadores com sofás e mesas, lá encontramos com umas 3 ou 4 garotas que também estavam ansiosas para conhecer a banda. Como quem não quer nada, ficamos conversando, cada um com seu caderno para catar os autógrafos, e claro, com duas canetas para não correr o risco de falhar na hora H.

Como um mensageiro divino, um rapaz do hotel chegou e disse: podem ir, eles estão na piscina. Naquela hora me veio 2 músicas: Toda cor e Nome aos bois (não me pergunte porque). Na área externa do hotel estavam: Arnaldo Antunes, Sergio Brito, Toni Bellotto, Branco Melo e Charles Gavin.

Lembro da brancura do Branco Melo, da magreza do Arnaldo, da simpatia do Toni Bellotto e do Charles Gavin banhando na piscina. Daí, coloquei o caderno para pegar o autografo daqueles que estavam sentados ao redor de uma mesa á beira da piscina. Nesse momento surgiu um diálogo entre eles que nunca esqueci:

Branco Melo: O que é isso, uma mosca, um besouro ??
Arnaldo: Acho que é uma abelha.
Branco Melo: Não, ela tem olhos grandes e é preta.

Nesse hora o Branco Melo jogou os seus óculos escuros Ray Ban na mesa pra colocar nos olhos gigante inseto. (era daquelas moscas de ficava na Fanta uva e sempre pousava à beira do copo).

Sim, só tínhamos 5, eles eram 8, ainda restava a lembrança do Miklos, Reis e Fromer. Na volta para recepção, desce do elevador o Nando Reis com cara de sono e uma toalha no ombro, pegamos seu autógrafo e com uma inexplicável intimidade perguntamos: Cadê o Paulo Miklos e o Marcelo Fromer?? Calmamente, Nando respondeu: o Paulo vai já descer e o Fromer está dormindo.

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