ENTREVISTA: J.L. Rocha do Nascimento

Por Leandro Lages, em LIVROS

ENTREVISTA: J.L. Rocha do Nascimento

08 de Dezembro de 2019 às 19:34

Em 26/10/2019, no Metropolitan Hotel, J. L. Rocha do Nascimento conversou com a Revista Entrerios sobre o livro UM CLARÃO DENTRO DA NOITE.

Entrerios: Iniciaremos com uma pergunta a respeito da primeira parte do livro. Notamos que há uma divisão em primeira e segunda parte do livro, sendo a primeira  baseada em suas memórias de infância. Ao que parece você veio do interior para morar em Teresina. Quais os motivos que o levaram a narrar sobre essa fase da vida?

J.L Rocha do Nascimento: De fato, o livro é dividido em duas partes, sendo que essas partes são antecedidas pela abertura, e, entre uma parte e outra, há o interlúdio, que não tem nenhuma ligação direta com as duas partes do livro; No fim, eu fecho com o epílgo, que é um metaconto. Na verdade, eu costumo dizer que você pode começar o livro pelo final, onde está o sentido do livro, que fala justamente das agruras de um contista num habitat (ninho) de poetas. De fato, a primeira parte do livro tem um tom meio memorialista, mais de memória, tanto que eu tinha uma briga com o Airton Sampaio (membro do Confraria Tarântula), que dizia que esses contos, a exemplo do Pelo retrovisor, Minha tia e o pão-de-açúcar de algodão doce, eram mais crônicas do que contos. Então, eu costumava responder ao Airton dizendo: “leio o Jorge Luiz Borges, para mim um dos maiores escritores da literatura mundial. Borges diz que se você vai escrever é impossível não falar de si, nem tudo é ficção. Você tem um ponto de partida e normalmente esse ponto de partida é uma experiência de vida, depois você vai inventando. Então o ponto de vista dos contos “Pelo retrovisor”, “Ela, o menino, as aventuras de Tarzan” e “Minha tia e o pão-de-açúcar”, “Margaridas vermelhas”, “A outra”, vem a ser realmente as memórias de infância. Eu cheguei em Teresina em 1964, um período complicado, tanto que há um conto que tem uma informação meio cifrada nas entrelinhas, acerca de um conhecido investigador de menores. Naquela época, quando eu não estava vendo um filme, entre as calçadas do Cine Rex e do Cine Theatro 4 de Setembro (que já funcionou como cinema e pouco gente lembra disso) eu ficava vendendo e trocando revistas em quadrinhos. O investigador de menores recolhia todas as revistinhas, cuja leitura era proibida para menores como eu. No conto, o personagem desconfia que o objetivo era mais do que recolher revistas para menores, vivia-se no tempo da ditadura militar. Então, gostar de revista em quadrinhos, frequentar o Teatro Quatro de Setembro, Cine Rex, Cine São Raimundo, um pouco menos o Cine Royal, que um cinema mais elitizado, tudo ficou enraizado no imaginário de uma criança de 10, 11 anos e até na adolescência. E escrever sobre isso é uma maneira que colocar isso pra fora. Claro que tem também ficção.

Entrerios: Isso mostra que o pão-de-açúcar não é só memória, você mostra a decepção de achar que o pão-de-açúcar era de açúcar. (risos)

J.L Rocha do Nascimento: É verdade, e tem contos aqui como “Jim Morrison sobe aos céus”, como o Rogério Newton disse, que tem uma textura totalmente aberta.

Entrerios: Quais contos são autorais, ficcionais, e com base em fatos que realmente aconteceram?

J.L Rocha do Nascimento: Um conto que tem base de vivência, “Pelo retrovisor”. Nele se desenha o imaginário da cidade de Teresina. A ponte dividia a cidade, e hoje ainda continua a dividir a cidade. Eu vivi em um dos lados, no centro da cidade, bem na rua Coelho de Resende. (risos)

Entrerios: Ainda sobre o conto "Pelo retrovisor" e sobre o imaginário de Teresina, o que mudou daquela Teresina, para a de hoje? A ponte ainda divide a cidade?

J.L Rocha do Nascimento: Como eu disse antes, eu acho que isso não mudou, a ponte continua dividindo a cidade e os homens. Isso é bem visível. Entretanto, a cidade mudou. Essa cidade que o personagem fala no conto, só é vista pelo retrovisor da Rural Willis que ele mantém em casa. Trata-se de um saudosista. Tudo caminha pra frente, tudo evolui, é impossível você querer que aquela cidade continue do mesmo jeito, isso só é possível dentro do imaginário. Agora, o que poderia ser feito em Teresina, seria preservar a memória da cidade. E aqui em Teresina isso não é preservado. Aqui mesmo no centro de Teresina, os grandes casarões acabaram por virar estacionamentos ou lojas comerciais. Ou seja, não existe uma preocupação de preservar a memória, o passado, de revitalizar aquele centro. Embora não possamos viver apenas do passado, nossa memória tem que ser preservada.

Entrerios: Já que estamos falando dessa época e da primeira parte do livro, você começou a escrever com que idade?

J.L Rocha do Nascimento: Aos 17 anos

Entrerios: O que você lia nessa época?

J.L Rocha do Nascimento: Aos 8 anos de idade, minha leitura eram os quadrinhos. Eu tinha de tudo, Zorro, Tarzan, revistas de faroeste como Rock Lane, Durango Kid, Buck Jones, Bill Dinamite, Cheyenne Kid, entre outras. Essas foram minha primeira leitura. Daí, evoluí para os livrinhos de bolso e tudo isso foi acumulando dentro do meu consciente. Em 1977, no Brasil se vivia um boom da literatura, quando o gênero predominante era o conto. Vocês talvez não saibam, mas o Pasquim criou uma editora chamada Codedri, voltada só para publicar novos e contistas consagrados como Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, Luiz Fernando Emediato, dentre outros. Outras editoras como a Ática e a antiga Civilização Brasileira tinham um grande catálogo de contos. Então foi esse gênero que fez eu me apaixonar pela literatura ficcional e de poesia, muito embora o conto final “No ninho dos poetas” contenha uma crítica velada a respeito da produção literária poética. Em Teresina, hoje, só se fala  em literatura, se pensa mais em poesia, velando-se os outros gêneros, como o conto, a crônica e o romance, tudo isso por conta, isso é uma avaliação minha, de um falso senso teórico de que escrever poesias é mais fácil, sendo que não é. É só lembrar o poeta e contista Paulo Machado, quando diz no seu poema “Testamento”: escrever poema é fácil como amordaçar um lobo.

Entrerios: Como explorado pelo Brasil, na década de 70, você enxerga a crônica como algo menor da literatura, principalmente em relação à poesia ou até mesmo se comparada aos romances ou novelas?

J. L. Rocha do Nascimento: Existe realmente uma ideia que a crônica é um gênero menor em relação à poesia, ao romance ou novela.Talvez pelo fato de que sua ferramenta seja o cotidiano, os fatos, a vida real. Mas como se explica Jorge Luis Borges e sua erudição que escreveu contos como se fossem crônicas ou crônicas como se fossem contos?  Existe também uma ideia de que a crônica é gênero menor quando comparada ao próprio conto, talvez pelo fato de que a crônica não exija do escritor uma maior criação, pois ela reproduz a realidade, não tem ficção, ou pelo menos não deveria ter. Na minha opinião, o desafio pode até ser maior. Enfim, eu acho que você tem que julgar pela qualidade da escrita e não pelo gênero.

Entrerios: Você poderia falar se há técnica específica para escrever microcontos?

J.L Rocha do Nascimento: No grupo Confraria Tarântula o grande entusiasmo do microconto é (era) o Airton Sampaio. Ele defendia a ideia de enxugar o texto, dizer muito com poucas palavras. Ele não ministrou nenhuma oficina literária para escrever, apenas passava essas diretrizes gerais e desta forma, não existe uma técnica.

Entrerios: Qual das suas histórias, você gostaria que ganhasse vida no cinema na forma de curta metragem, por exemplo?

J.L Rocha do Nascimento: Folha seca, pela agilidade da narrativa, a trama em si, o aspecto psicológico afetado da personagem. Já imagino algumas cenas, como a da loura que se aproxima do carro com o motor ligado, os gases saindo pelo escapamento, a cena do sinal de trânsito quando o Folha Seca abate com o seu bastonete o malabarista e saí da cena sem nenhum remorso.

Entrerios: Em relação as músicas utilizadas como trilha sonora de alguns contos, como por exemplo, “Black dog” e “Sorria”, do Evaldo Braga, se você pudesse escolher uma trilha sonora para um dos contos, qual seria?

J.L Rocha do Nascimento: Vou me concentrar no Folha seca. Seria “Cavalgada das Valquírias”, de Wagner.

Entrerios: Qual a relevância do aspecto formal das palavras, a 'casca' das palavras, na sua escrita, grafia, sintaxe e pontuação? Há esta preocupação? Não que seja necessário para a literatura, mas isso faz parte do seu pensamento de escrita?

João Luiz: Um dia eu estava fazendo uma comparação entre Borges e Gabriel Garcia Marquez. O Gabriel é mais narrador, contador de histórias, enquanto que o Borges trabalha mais a palavra, tem muita erudição e um conhecimento enciclopédico. Nós, da Confraria Tarântula, sempre nos preocupamos com isso. Nosso desafio é dar um tratamento bem rigoroso à linguagem, como no caso da coletânea de contos eróticos “Dei pra mal dizer”, que publicamos em 2012.. Ali, o nosso desafio, por se tratar de um tema interdito, foi de conferir um tratamento rigoroso às palavras, sem concessões, para afastar qualquer risco de confundir o erotismo tratado nos contos com a pornografia e acho que conseguimos.

Entrerios: Isso para você é uma forma necessária do ponto de moldar uma obra, ou seria apenas um estilismo, a ponto de ser reconhecido como tal? Hoje alguns autores vão além da semântica, preocupando-se com o ritmo, a forma, não usar fonte maiúscula ou minúscula, por exemplo.

J.L Rocha do Nascimento: A minha preocupação é mais em imprimir um estilo pessoal de escrita. Em uma entrevista, ainda nos anos noventa, falando da Confraria Tarântula, o Airton Sampaio disse assim, referindo-se a mim: “Se a literatura não tivesse pedido o João Luiz para a magistratura, seria o grande estilista do grupo Tarântula”. Eu me preocupo mais com isso, em criar um estilo próprio.

Entrerios: A segunda parte do livro parece mais trabalhada que a primeira. Tem algum sentido ?

J.L Rocha do Nascimento: Sim. Na primeira parte, predominam as narrativas quem tem a memória como matriz, não predomina a ficção, há sim a chamada “ficção de memória”, tanto que o Airton em alguns contos, dizia: “isso aqui não é conto, é crônica”.

Entrerios: Mas você pode navegar na linha ali entre os dois, o resultado é interessante.

J.L Rocha do Nascimento: Eu não acho necessário batizar. Eu estou até trabalahndo em ideia pra executar a médio prazo: escrever um livro, onde o objetivo principal é justamente deixar o leitor na dúvida, trabalhando nessa linha, justo no limite. Tanto que eu penso que a partir do título, a confusão já deve estar formada. Um conjunto de “crontículos” ou de “contrículos”, um misto de conto e crônica, algo assim. O objetivo maior é deixar o leitor na dúvida se é crônica ou conto. Ou se é mais conto do que crônica e vice-versa.

Entrerios: Como você lida com o excesso de informação necessária ao ofício de escritor? Como você seleciona as informações que chegam a você?

J.L Rocha do Nascimento: Eu uso vários recursos. Durante muito tempo, passei quase 15 anos trabalhando no interior do Estado do Piauí. Quando estava dirigindo para Floriano e me surgia uma ideia, ou quando estou ouvindo uma música e me vem a inspiração, na primeira oportunidade eu paro, pego uma caneta e papel e anoto. Se estou lendo um livro, eu faço anotações, onde estiver uma parte em branco eu anoto.

Entrerios: Como você vê literatura piauiense no cenário nacional?

J.L Rocha do Nascimento: A minha geração nunca soube trabalhar essa vertente, a gente sempre se preocupou em escrever mesmo aqui para nossa igrejinha, nosso gasto, sem maiores pretensões, nunca tivemos essa preocupação de ultrapassar fronteiras, um erro estratégico do qual lamentamos hoje. Essa geração mais nova, ao contrário, tem essa preocupação, tem uma turma nova que se preocupa com essas conexões com os grandes centros.

Entrerios: Que escritores piauienses não devem em nada se comparados a escritores do cenário nacional?

J.L Rocha do Nascimento: Entre os escritores vivos, eu , sem dúvida, Rogério Newton e Paulo Machado.

Entrerios - À título de curiosidade, o personagem  "Zé Amaro" existiu?

João: O Zé Amaro é conto que escrevi a partir de uma história que ouvi, que acho que faz parte da tradição oral. Quando eu era juiz em Picos, dei uma carona para um senhor, uma pessoa bem simples e, nessa viagem, ele me contou essa história, do Zé Amaro. Aquilo ficou na minha cabeça e disse: vou escrever um conto a respeito dessa história. Isso vai dar um conto, ficava pensando. E deu. Claro que para isso, entrou o contista e sua capacidade narrativa.

Entrerios- Álcool e escrita têm algo a ver?

J.L Rocha do Nascimento: Bebida e música são fontes de inspiração, certamente. Não no sentido de escrever alcoolizado e sim no limite. Mas a música é o que realmente me transporta, até mais que o cinema.

Entrerios - Você falou do Zé Amaro, que existiu uma pessoa, mas que outros personagens no seu livro existiram de fato?

J.L Rocha do Nascimento: O Mr Marlboro e o conto Margaridas Vermelhas são inspirados no tarântula M. de Moura Filho, que é um fumante inveterado. No conto Margaridas Vermelhas, a personagem escarra sangue, bota sangue para fora.A mulher o alerta, mas ele diz que são margaridas vermelhas que o estômago não digeriu e coloca pra fora. No Mr. Marlboro, a grande sacada do conto é o fechamento, aquele "corte", eu acho fenomenal. Ele tinha pavor de câncer de pulmão. Muita gente me pergunta: “vem cá João Luiz, você fuma, porque do jeito que você escreve é como se fumasse?” E eu digo: “nunca fumei”. Essa é a questão, o cara tem que entrar dentro do personagem.

Entrerios - Do que você tem mais saudades, da infância ou do cigarro da personagem Violeta?".

J.L Rocha do Nascimento: (risos) Eu gosto muito desse conto: Ela, o menino, as aventuras de Tarzan. Engraçado que o M. de Moura Filho, por curiosidade, foi atrás do almanaque n°54, do Tarzan, o rei dos macacos, pra saber se existia e encontrou. O número eu inventei, porque não lembro exatamente qual era. Mas as revistas eram numeradas. Mas a história narrada (a do Tarzan) existur sim. A do conto, vou deixar vocês na dúvida (risos).não existe (do conto

Entrerios- O garoto com a revista n. 54 do Tarzan era alguém, um vendedor da Livraria Corisco? (Obs: João Luiz já trabalhou como vendedor na então Livraria Corisco, entre o final dos anos setenta e início dos anos oitenta)

J.L Rocha do Nascimento: (Risos) A Violeta é um personagem real, não essa Violeta retratada no conto, ela existiu e serviu de inspiração para o conto, devo admitir.Acho que o personagem ainda hoje sente aquele cheio saturado de cigarro e bebida vagabunda, as unas encardidas...

Entrevistado- Você conheceu a Violeta?

J.L Rocha do Nascimento: Não, eu ouvi falar na Violeta. (Risos). Acreditem se quiserem.

Entrerios: Agora aquele negócio da radiola, de colocar a caixa de fósforo pra equilibrar o disco, a agulha não saltar.... Depois que li o conto eu lembrei da música do Evaldo Braga, "Sorria", e baixei para ouvir novamente.

J.L Rocha do Nascimento: Vocês não tiveram curiosidade em relação ao conto "O quarto dos fundos"?

Entrerios - Por que deveríamos?

J.L Rocha do Nascimento: Porque em Oeiras ele existe ou pelo existia, na época em que se passa o conto. Quando duas pessoas se casavam naquela época, o homem, como era o chefe da família, quando ia construir a casa para morarem, sempre construía um quarto lá nos fundos da casa destinado ao louco da família, por conta da mistura do sangue. Na minha família tenho primos casados com primos. Isso é muito comum em Oeiras. Não é à toa que se diz que é a “terra dos poetas e dos loucos”.

Entrerios: Nos braços de Sherazade é um conto psicodélico. Qual foi a inspiração?

J.L Rocha do Nascimento: Eu sonhei e coloquei no papel. O cara deve ter apneia do sono (gargalha). Uma coisa que aconteceu na minha vida é que me livrei do CPAP, que é um aparelho que ajuda na respiração e evita apneias. Estava usei um por quase dez anos. Então, o enredo de “Nos braços de Sherazade” é resultado do personagem ter esquecido de colocar botar o CPAP antes de dormir,

Entrerios- Você não acha que o fato de morar numa espécie de província, prejudica a literatura. Por exemplo, se você morasse em São Paulo, lançasse seu livro lá, tinha quase certeza que a repercussão seria muito maior?

J.L Rocha do Nascimento: Acredito que sim.

Entrerios - As pessoas até contestam falando se Machado de Assis tivesse sido escritor francês, seria uma espécie de Balzac?

J.L Rocha do Nascimento: Certamente, teria recebido mais prêmios,seria mais reconhecido. O poeta Rubervam do Nascimento - não sei se vocês conhecem- se aposentou como Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho, foi para São Paulo e está lá participando de cafés literários e saraus, divulgando a obra dele. Eu acho isso muito importante e a minha ideia, quando eu me aposentar na magistratura, seria a de ficar livre para poder sair. Saramago começou a escrever com 60 anos. Eu ainda tenho  muito tempo pela frente.

Entrerios: João, a gente admira seu trabalho e a satisfação maior, como aspirantes, é de tratar esse encontro como uma espécie de aula. Para encerrar essa conversa, você teria alguma mensagem para dizer ou passar?

João Luiz: Eu comecei a escrever com 17 anos, passei 20 anos sem escrever e retornei a partir de um encontro com o Aírton Sampaio. Por que então paramos de escrever? Porque eu tinha que sobreviver, queria ser escritor, mas queria estabilidade e hoje posso fazer o que realmente gosto. Sou casado e tenho filhos. A mensagem final é: se gostar, tem que continuar. A primeira coisa é ler, a leitura é essencial, porque, agora hermeneuticamente falando, e lembrando o meu lado jurídico, a leitura vem antes, antecipa tudo.

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