FESTEJOS

Por Wilson Araújo, em CONTOS

FESTEJOS

13 de Março de 2020 às 17:10

O dinheiro curto mal dava pra cerveja barata, bebida no copo de plástico. Festa suada, chão de barro, nos confins de uma cidade do interior. O dinheiro curto mal embriagava, quanto pior um quarto e um colchão.

Aí, naquele tempo, a gente enfileirava os carros numa estrada vicinal qualquer, descia o banco do carona, beijava a morena apertava as coxas, a bunda, lambia, chupava um seio. O vidro ficava fechado, pra não entrar muriçoca e o carro desligado pra economizar gasolina, então o suor se confundia com a saliva quando lambia o pescoço, a orelha, o queixo. O espaço exíguo pressionava os genitais com uma força de vontade claustrofóbica, roçando, movendo, dançando os quadris em sexo acoberto pelas roupas. O lábio inferior mordiscado durante o contorcionismo para retirar as roupas, a cabeça no teto, o pé no vidro, o joelho na porta, cuidado, olha o câmbio, abre um pouco a perna, joga o banco mais pra trás, ajeita aqui, aperta a bunda, levanta o quadril, calma, um pouco mais pra cima, que quando a vontade é grande a gente arruma jeito até dum boquete, volta mais, isso assim, tá molhadinho. Vai mete fundo, sua puta-safada-vagabunda-me-come-mete-tu-gosta-né-isso-mais-forte-seu-puto-gostosa. Camisinha cheia, ou o esperma sobre a barriga. Nunca, jamais, alguém lembrou de levar um pano ou guardanapo.

Aí, lá se ia mais uma meia.

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