Mac, o arremessador

Por Raul Lopes, em MÚSICA

Mac, o arremessador

15 de Junho de 2018 às 03:15

Oh baby
Oh man
You're making me crazy
Really driving me mad
That's all right with me
It's really no fuss
As long as you're next to me
Just the two of us
 
Não é a primeira do disco, mas ao ouvir My Kind of Woman sofro o primeiro arremesso. Claramente observo Jean-Pierre Léaud em “Antoine e Colette” (1962) de François Truffaut quando começa a descobrir as mudanças internas e externas em uma época de transição da adolescência para a maioridade. Tudo em preto e branco. Não sei como, mas a figura de John Lennon me surge quando ouço: "And I'm down on my hands and knees. Begging you please, baby, show me your world".
 
Após três minutos sou novamente arremessado, dessa vez guiado por Freaking Out The Neighborhood. A grama é bem verde, pessoas vestidas de roupa clara, num dia claro, sol, muito sol. Sorrisos, tudo se passa em câmera lenta, numa velocidade que me permite ouvir todos os detalhes da música. Uma tarde que está apenas começando.
 
Still Together é a última, é praia. Togeeeeeeeeeeeeether (parafraseando Chico Buarque em Samba e Amor) soa como um eterno espreguiçar, a melodia é confortável, daquelas que puxam a cadeira para você sentar.
 
E como num eterno retorno, nunca ouvi qualquer outra música do disco, depois do último togeeeeeeeeeeether sou arremessado de volta para a Paris de 62 e assisto novamente as aventuras e paixões de Antoine Doinel.
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