MAÇÃS

Por Weliton Carvalho, em POESIA

MAÇÃS

22 de Agosto de 2021 às 19:54

Quando meu pai viajava a São Luís

      eu o esperava em Santa Inês

        com as maçãs prometidas.

   

Parecia que meu pai tinha ido ao paraíso,

         não colher o fruto proibido,

mas saciar o mais puro desejo infantil.

 

       Talvez ele nem se desse conta

          de tão importante missão.

 Talvez as comprasse, porque eu gostava

   e afinal não custava muito comprá-las:

            uma que fosse já bastava

e o menino não ficaria com os olhos tristes.

(aqueles olhos de desejo ardendo em flor)

 

Não era bem a maçã que eu queria:

era antes o sonho que ela continha

 

  era antes o sonho que ela me dava

        na sua carnadura vermelha,

          no seu cintilante delírio

 

de colorir minha vida de menino do interior

que nem conhecia a capital do meu Estado.

 

      O que eu de fato queria da maçã

   era a poesia que o mundo me negava.

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