O Brasil não precisa de Sérgio Moro

Por Márcio Barros, em OPINIÃO

O Brasil não precisa de Sérgio Moro

06 de Abril de 2016 às 10:16

No Post Galileu Galilei aqui do entrerios há um diálogo entre Galileu e um discípulo, momentos após o mestre renegar suas teorias científicas para escapar da fogueira da inquisição, em que o aprendiz sentencia: Infeliz a terra que não tem heróis. O Cientista por sua vez rebate: Infeliz a terra que precisa de heróis. Tomo emprestado a frase de Galileu para iniciar este post: - O Brasil não precisa de heróis.
Na verdade, nem a arte (a verdadeira) precisa deles. Os grandes personagens da literatura e do cinema quase sempre são contraditórios, cheios de vacilações e dilemas. O próprio tempo, ao desembaçar o retrovisor da história, revela desvios de caráter de algumas "vacas sagradas": De repente, descobre-se algumas amantes na alcova do austero Dom Pedro II, Ideias racistas nos manuscritos de Fernando pessoa, flertes de Winstom Churchill com teorias eugênicas..
Até a Bíblia, livro basilar de toda a cultura ocidental , narra uma cena em que Jesus Cristo, Deus encarnado, na agonia da morte, num momento de fra(n)queza proclama: "o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca".
Entretanto, no efervescente Fla-flu político institucional em que estamos mergulhados atualmente, cada lado já escolheu o seu herói, devidamente canonizado pelo fanatismo piegas das redes sociais. De repente, personagens como Sérgio Moro e Lula, submergem, miticamente, para trazer soluções simples a problemas complexos (Aliás neste quesito, não estão sozinhos: há até os mitos de bolso). Para os seguidores dessas "seitas", seus mártires estão acima do bem e do mal. Não existe qualquer fraqueza nem desvio de caráter em seus mestres.
Quando parte da sociedade acredita que um juiz, um líder populista ou qualquer outra caricatura político-ideológica estão acima das instituições a que pertencem e que são a única saída para a crise atual, é hora de se preocupar.
O Brasil não precisa de Sérgio Moro, nem de Lula, como não precisou de Neymar no vexaminoso 7 X 1 contra a alemanha na copa de 2014. A seleção alemã não tinha nenhum heroi, mas possuía um poderoso espírito de equipe, onde a instituição "time" contava mais. Por falar em Alemanha, a chanceler Angela Merkel conduz a maior democracia da zona do euro com maestria, bem longe das frequentes turbulências econômicas e políticas que abalam o resto da europa. Os Alemães não a consideram nenhuma heroína por isso. Sabem que por trás da premier estão as sólidas instituições germânicas. Aliás, eles conhecem como ninguém quais as consequências da aventura de se "adotar" heróis nacionais redentoristas(*).
(*) Sobre isso há um outro post, o grande ditador, também do entrerios.
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