26 de Junho de 2018 às 13:59
A postgem trata das impressões de uma obra literária, na forma de “ensaio”, publicada em 2012 intitulada: A Civilização do Espetáculo escrito pelo peruano, ganhador do Nobel, Mario Vargas Llosa.
A obra me chamou atenção pela forma que conceitua e identifica a cultura nos dias de hoje. A cultura de hoje não é a mesma daquela de alguns anos atrás, o conceito se alargou tanto que hoje em dia tudo é cultura, o pior que essa afirmação fortalece a intenção oposta, por ter a pretensão em abarcar tudo, acaba significando o nada. Essa confusão se refletiu no Brasil em 2016 na primeira reforma ministerial do governo Temer com a extinção do Ministério da Cultura, ato que coloca em questionamento o alcance e a importância da cultura no Brasil.
O ensaio aponta que a banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são os fatores responsáveis pela amplitude do conceito de cultura. O que se procura hoje são os resumos, não falo isso apenas na literatura, isso se aplica a todos os veículos de informação e de cultura. É a chamada Snack Culture, termo utilizado para definir o entretenimento instantâneo.
O livro mais procurado é o mais leve, o mais soft, o light. O mesmo acontece no cinema, os filmes considerados densos são excluídos das salas de cinema (parabenizo aqui a insistência do Cinema Teresina por preservar "raias" pra nadar na contra mão). A leitura soft, assim com o cinema soft, proporciona uma doce sensação de conhecimento, frugal, mas confortante.
Llosa afirma que a arte, a literatura e o cinema se trivializaram de tal maneira, que o espectador e o leitor vivem a ilusão de ser cultos e de estar na vanguarda de tudo com o mínimo esforço intelectual. Se aceitar entrar no jogo da civilização do espetáculo e se converter em uma espécie de bufão, o intelectual tem a possibilidade de que sua mensagem prospere. The Square (2016) é a minha sugestão cinematográfica para harmonizar com este ensaio.
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