Only God Forgives (Dinamarca, 2013)

Por Raul Lopes, em CINEMA

Only God Forgives (Dinamarca, 2013)

22 de Outubro de 2014 às 01:31

Quem gostou do Drive (EUA/2011) certamente vai se interessar por Only God Forgives. Em comum não existe apenas a dupla diretor-ator Nicolas Winding Refn e Ryan Gosling, a violência também está presente nessa produção franco dinamarquesa que concorreu a palma de ouro de Cannes de 2013.

Atualmente a violência é um tema explorado por muitos diretores e trata-se de um reflexo da sociedade contemporânea, como bem diz o músico baiano Lucas Santtana: “...contemporâneo é alguém sem coração” – Dia de furar onda no mar. Certo está o baiano, a violência explorada no filme dá uma sensação de frieza no trato dos personagens, não que falte zelo na condução dos atores, o clima frio e sem pudor é a pretensão do diretor.

No filme, os irmãos Julian (Ryan Gosling) e Billy (Tom Burke) vivem em Bagkok e gerenciam um clube de boxe tailandês que serve de fachada para o trafico de drogas na cidade. O roteiro se desenvolve após a morte de Billy, vitima de uma vingança por ter violentando e matando uma jovem. Após sua morte, sua mãe, Crystal (Kristin Scott Thomas), vai a até a cidade para vingar-se dos homens que mataram seu primogênito.

O filme apresenta a estranha personalidade Julian que se mantém como uma grande interrogação durante todo o filme. Por uma lado se mostra uma pessoa equilibrada e com senso de justiça, por outro um barril de pólvora prestes a explodir. A presença da mãe complica mais ainda sua personalidade pois o acusa de invejoso e que se sempre foi aquém do irmão morto.

Durante a procura do assassino do seu filho, Crystal se depara com uma figura enigmática chamada de Chang (Vithaya Pansringarm), uma espécie de justiceiro que ajuda os policiais a exterminar o mal que assombra a cidade. Chang bem que poderia representar o bem, mas a forma que atua, o faz ser mais temido do que o próprio diabo.

O enredo se desenvolve com poucos diálogos (de difícil atuação) e muito simbolismo, cada novo personagem que surge se alinha a forma gélida daqueles que já se apresentaram. Em certos momentos o filme parece passar em câmera lenta, em outros, realmente está sob tal efeito que inebria o telespectador e permite uma experiência de troca sensorial com os personagens. O filme é bipolar, tem uma amplitude que parte da extrema violência para pura suavidade, e para maior surpresa, em certos momentos essas duas situações se apresentam numa mesma cena, num mesmo enquadramento, um verdadeiro Led Zeppelin.

Refn e Gosling ainda estão na berlinda. Drive e Only God Forgives são produções ligadas umbilicalmente, têm a mesma estética, mas incrivelmente são diferentes.

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