
17 de Outubro de 2019 às 11:50
À luz da superfície há um rio
que habita em nós,
como o Parnaíba,
espelho móvel da amplidão,
a seguir seu curso
evidente e cotidiano
banhando a realidade com suas águas turvas
tornando a vida suportável...
abaixo dele, encravado nas profundezas,
há um outro,
flamejante e incontrolável
como o Flegetonte
fluindo imperceptível
vertendo de seu leito o fogo dos desejos implacáveis
de carne e de morte
girando com sua força cega os moinhos do tempo
tornando a vida possível...
vez ou outra,
o fluxo do rio subterrâneo irrompe violento a calmaria da superfície
e,imprevisível,
inunda a realidade com sua lava
de delírio
ou poesia
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