Cinema Ao Redor: Itália

Por Diego de Montalvão, em CINEMA

Cinema Ao Redor: Itália

09 de Abril de 2014 às 21:01

A Itália é referência nas artes visuais desde a antiguidade, onde a civilização etrusca servira de influência para a formação da arte romana propriamente dita. Passando pelo Renascimento e chegando até às obras produzidas pelos expressionistas e futuristas no século passado, os artistas italianos sempre foram conhecidos pela criatividade e vanguardismo na arquitetura, pintura, escultura e cerâmica. No campo áudio-visual não é diferente. O cinema italiano é, da mesma forma, apreciado pela originalidade e personalidade construídas durante o século XX.

8 ½ (Otto e mezzo-1963)- Federico Fellini – O cineasta italiano mais autêntico,  criou seu próprio estilo pautado na fantasia, no grotesco e na comicidade. Nesta obra-prima, seu filme mais pessoal (até então, Fellini realizara 7 filmes e um curta-metragem, o que justifica o título), o  ator Marcelo Mastroianidá vida a Guido Anselmo, cineasta em meio a uma crise criativa que, rodeado por suas lembranças da juventude e das mulheres que amou, analisa os limites entre o ofício e a vida. Este filme reinaugura a linguagem metafísica na história do cinema.

Profissão: Repórter (Professione: repórter – 1975) – Michelangelo Antonion i- Diretor italiano dos mais inovadores. A linguagem do cinema nunca mais foi a mesma desde que Antonioni lançara a trilogia da incomunicabilidade. Seus filmes necessitam de uma participação do espectador para construção do enredo e entendimento da trama. Em Profissão: Repórter, Antonioni aborda a jornada de David Locke (Jack Nicholson), repórter entediado que assume voluntariamente outra identidade durante uma viagem à África. O enredo serve como ponto de partida para discutir questões filosóficas e possibilita o diretor mostrar sua infinidade de recursos estilísticos e inovadores que marcaram a história do cinema.

Accattone – Desajuste Social (Accattone - 1961)- Pier Paolo Pasolini – Talvez o cineasta italiano mais talentoso que já existiu. Diretor, roteirista, poeta, ator e escritor, teve uma vida dedicada à arte. Em seu primeiro filme, Pasolini retrata a vida de personagens marginais à sociedade. O longa-metragem conta a história de Accattone (Franco Citti), cafetão que, ao se apaixonar por Stella, sente-se impulsionado a arranjar um emprego na esperança de possuir uma vida estável. Considerado por muitos, o melhor filme de estréia de um diretor.

Nós que nos amávamos tanto ( C’eravamo tato amati -1974) – Ettore Scola – Filme que traduz um olhar humano e esperançoso no pós-guerra.  Impossível não se identificar com os anseios e angústias dos personagens Gianni (Vitório Gassman), Antoni (Nino Manfredi) e Nicola (Stefano Satta Flores), e com o turbilhão de idéias que o diretor apresenta ao espectador. Extremamente poético, o filme é rodado metade em preto-e-branco e metade em cores. Umas das obras que melhor representa o cinema italiano.

Morte em Veneza ( Morte a Venezia -1971) – Luchino Visconti - Não menos importante diretor italiano, Luchino Visconti é daqueles cineasta que trilha seu próprio caminho. Muito versátil, passeou pelos os mais diversos gêneros cinematográficos. Ao consolidar sua carreira, foca suas tramas na temática da decadência, seja ela pessoal ou social. Em Morte em Veneza, adaptação livre do livro de Thomas Mann, o velho compositor Aschenbasch (Dick Bogarde) conhece Tadzio (Björn Andrésen), jovem de uma beleza ideal que faz com que  os sentimentos do compositor, até então controlados, provoquem uma revolução em suas ideias e o fazem repensar sua existência. 

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