Listen up Philip (EUA, 2014)

Por Raul Lopes, em CINEMA

Listen up Philip (EUA, 2014)

08 de Julho de 2015 às 17:14

Existe todo tipo de gente no mundo, mas existe um certo tipo egocêntrico que não somente acha, mas tem certeza que o mundo gira ao seu redor. Esse é o Philip, um personagem que mesmo egocêntrico, consegue atrair a atenção e o interesse de algumas pessoas, mulher, ex-namorada, colegas de trabalho...

Essa figura é o que chamamos, sem medo de errar, de chato, talvez num nível maior, um antipático ou um sociopata. O mais impressionante é que nós (espectadores) acabamos por odiá-lo (com muito motivo) e ao mesmo tempo ansiosos em entende-lo.

Será que aquela conhecida frase tem sentido ? “Fulano de tal não é chato, no fundo, no fundo ele é gente boa”. Pode até ter, mas a questão é: quem está disposto a cavar até encontrar o que presta em cada pessoa? A pá é pesada!

Philip é um escitor e anda sempre apressado, no decorrer do dia escolher algumas vítimas, geralmente frágeis e indefesas. Ele escolhe e destila seu veneno sem piedade alguma do sentimento alheio, aquilo parece lhe deixar mais vivo.

Philip precisa se afastar. Procura outros ares e encontra um tipo que pode coloca-lo nos eixos, mas Philip não é uma pessoa comum, não se entrega facilmente e continua com um faro fino para encontrar pessoas dispostas a ouvi-lo e depois descarta-las como se nunca tivesse as encontrado.

Como tudo que aqui se faz aqui se paga, Philip começa a ser vítima de suas vítimas e nesse momento, o mais interessante é observar o esforço que elas têm que fazer para conseguir dizer um basta, um Cala boca Philip. É nesse jogo que Philip busca inspiração para escrever.

O filme tem um narrador, o que nos dá uma visão parcial do protagonista (ou seria o subconsciente de Philip?), a câmera é usada na mão, - atualmente um clichê nos filmes independentes - a trilha sonora conquista desde o inicio, jazz de primeira linha e na hora certa. Com esses elementos parece até que estamos diante de filme do Woody Allen dos anos 70.

Esse filme não é um clássico indie, longe disso, Elisabeth Moss convence, mas o filme desliza em alguns momentos. Em certa etapa o foco é direcionado para vida de sua mulher (Elisabeth Moss) e a personagem ganha ares de protagonista, o que embaralha o roteiro. Na verdade não sei porque estou comentando esse filme, acho que agora faço parte da lista de vítimas do Philip. Se me perguntarem, digo que foi pela trilha sonora.

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