Uma Chuva a 5 Graus do Equador

Por Wilson Araújo, em CONTOS

Uma Chuva a 5 Graus do Equador

02 de Agosto de 2018 às 16:34

 

Foi como um sonho. Daqueles que parecem um segundo, mas que durou a noite inteira. Porque, quase sempre, a intensidade é superior ao tempo. Foram tantas trocas: beijos, carícias, farpas. Os corpos unidos num último torpor ensandecido, como dizendo um adeus alegre, sorrindo com os olhos.

Foi incrível, quando no momento do “nos vemos por ai” descobrimos todos os prós, afinidades e interesses. Justamente na última tragada do cigarro que fumamos juntos sob o vento frio da chuva que caia à noite, demo-nos aos abraços, mesmo sem se tocar. Porque o que a alma almeja, o corpo só regozija.

Aquela eternidade numa tarde. Entre “Led” na caixa (All My Loving) e as cervejas, tragando textos e poema. Os corpos em brasa. Quem dera todo adeus fosse alegre. Quem dera todo sábado um adeus.

E ainda que tendo dito adeus, a alegria de breves momentos é mais eloqüente, a gente faz da vida um álbum de fotografas, ficam as boas, arquivam-se as más. Não, não se joga fora as más, elas servem pra lembrar o que passou e realça as preferidas.

Porque fomos como a chuva em Teresina. Forte, intensa, mas rápida. E tudo que nos resta é aproveitar o clima agradável que sobra no final. Um “Wind of Change”. Sorrindo, acendo um cigarro, tomo um gole de cerveja, dou um beijo em teu rosto.

E vamos embora, assoviando “Yesterday”.

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