Viváfrica

Por Raul Lopes, em MÚSICA

Viváfrica

27 de Maio de 2015 às 14:08

Desde os primórdios até hoje em dia o mundo ainda faz o que o africano fazia. Estou falado de referência musical. Não somente da famosa “Blue note” da escala harmônica Pentablues, traduzida como “nota fora”. Harmonicamente falando, essa nota é adicionada entre as naturais da escala Pentatônica e garante um som mais triste, que lembra o canto dos negros na colheita do algodão.

Alguns instrumentos, como a percussão, são mais associados a cultura africana pois são marcantes e de fácil percepção musical. É o caso da Axé Music com a Timbalada e o Olodum que possui forte aplelo percusivo. Atualmente, o “ambiente” africano permeia o da música pop tanto no Brasil como no mundo e não falo apenas na questão percusiva.

No cenário tupiniquim, temos a guitarra africanizada de Lúcio Maia da banda Pernambucana Nação ZumbiLúcio é um guitarrista de mão cheia, em seus acordes nota-se a presença do trabalho do jazzista etíope Mulatu Astatke, sem falar no som das alfaias, um instrumento percussivo do maracatu nordestino que não nega as orígens da mãe África.

Além da Nação Zumbi, bandas experimentais usam de forma mais delicada influencias africanas na percussão e nos metais, é o caso do Hurtmold e do Bixiga 70, que além da “África” possuem forte influência jazzística. Um bom exemplo é a música Di Dancer do Bixiga 70:

Fora daqui, destaco duas bandas muito parecidas: Antibalas e The Budos Band (vem de barbudos mesmo). Em comum, não existe apenas o fato de serem bandas americanas e de possuírem mais de 10 integrantes em sua formação, existe também a influencia do afrobeat do Fela Kuti. Aí o negócio é mais “nervoso”, nipe de metais completo (altos e baixos), linhas de baixo marcadas, percussão livre e guitarras que beiram o indie. O rótulo do afrobeat só não pega em cheio porque eles são esguios e atiram em muitos alvos. Aí vai a Budos:

Falando em rótulos, o que mais me acha atenção é o tal do “World Music”. Se não é americano ou europeu certamente vai ganhar esse título (me dispo aqui de qualquer ranço). Caetano Veloso é Word Music !?!. Cito o caso do Vampire Weekend, banda nova-iorquina que possui influências de música africana e é conhecida como uma banda de pop, rock, indie, hype ou até mesmo "Upper West Side Soweto". Se o Vampire Weekend fosse africano seria mais simples: World Music.

Uma prova da força da música africana é o Reggae, que mesmo sendo uma música americana (Jamaica), há quem jure de “pé junto” que Bob Marley era africano.

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