Não foi como em todas as outras vezes. Foi mais intenso, até. Mais cheio de misturas e trocas. Teve grito, conversa e sussurro. Teve tapas, beijos e afagos. Teve carícias, insultos e mordidas. Teve de tudo, teve amor, ódio e provocação. Teve paixão, g...
Ela chegou sozinha. Sentou junto a uma mesa no fundo do bar. Pediu um chope ao garçom amarelo que passava. Enquanto esperava o pedido, mexia o cabelo, distraída, mirando o vidro espelhado da janela. Abriu a bolsa, tirou uma carteira de cigarros e um...
Triste, ma non tropo. Alegre, ma non tropo. Lúcido, sempre. Assim Tales empurrava a vida. Dentro de um espiral, no centro, as coisas não giram, tudo é estático. É um local confortável. Ao seu redor, uma espessa parede giratória que o impede de fugir. ...
Eu descia por dentro de uma montanha. Sim, era um caminho por dentro da montanha, em espiral descendente, contornando sua estrutura, seu corpanzil pedregoso, rígido, quase imutável. Eu descia calma e cadenciadamente, o teto era quebrado e entrecortado pelos raios de sol que desciam pelas frestas, malhando o chão rochoso com a luminosidade amarela e quente.Eu descia sozinho, lembro bem, sem sentimentos eufóricos nem pressa, nem coisa o valha. Eu, descia.E desci.Ao fim, no sopé da montanha,
Eu me sentia melhor quando vivia à espera de algo. Toc, Toc, Toc - Passa das sete, Júlio! – Despertou-me o vizinho. Cansa-me seguir a rotina. Numa cidade pequena, de pessoas pequenas, é natural se acostumar com uma vida pequena - martelo em minha cabeça. Penso ser vantajoso fugir do que é comum. Talvez justifique acordar ainda ébrio, resultado da fuga do dia anterior. Visto meu terno. Hoje dispenso a gravata, pra mudar um pouco. Penso na metafísica e na imutabilidade das coisas. Cadê minha
Talisson tinha vida de rei. Motos caríssimas, lanchas, carros de sonhos. Desfilava nas ruas mais pra mostrar os dotes e tirar uma onda que propriamente ir pra algum lugar, não precisava ir a lugar algum, tinha tudo à mão, mas gostava de ver a cara do povo trabalhador olhando pra ele com inveja. Numa terça feira de manhã, divertia-se.Parou no sinal, ficou vendo os Unos e Celtas, sorriso no canto da boca. Engarrafamento. Buzinaram atrás, de novo e novo.--- Sai do meio da rua, féla da puta.O
Xico Wilson (sim, com “X”, senão ele se zanga) é um senhor aposentado, pra lá dos sessenta, com cabelos e disposição de quarenta, seis filhos (três casados, quatro formados)...
Mais um sábado na vida de Manuel. Que acordava às 06 e trinta, tomava banho e café, e lia O Globo do dia e pensava na vida, isso tudo quem o bem conhece...
Ele veio por trás, com a mão esquerda apertou um seio, com a direita escorregou pela barriga, passando as unhas sujas e mal cortadas, descendo desavergonhosamente....