Madrugada de sábado para domingo. Quatro horas da manhã. Três amigos sentados e conversando calorosamente ao redor de uma mesa. Resistiam bravamente aos efeitos do álcool. Vinte e seis cervejas (das grandes) consumidas.
A reunião tinha começado por v...
Acredito que o exercício comparativo que se inicia com com a expressão: "Isso lembra..." trata-se de um verdadeiro desfavor ao leitor, um menosprezo à sua prévia capacidade cognitiva.
O "Isso lembra ..." remete a uma relação associativa que possui co...
Certa vez Ferreira Gullar foi abordado por alguém que o perguntou se ele era o famoso Poeta, ao que respondeu: “Às vezes”. A estória era contada por Gullar para ilustrar seu “conceito” de que ser poeta é um estado, não um ofício. Nesse ponto, aliás, o maranhense discordava de João Cabral de Melo Neto, para o qual o poema tinha que ser construído, talhado em pedra, artesanalmente. Trabalhado palavra por palavra. Para Gullar, o poema nasce do arrebatamento, da apreensão de um momento de maneira
Em uma folha em branco, de aparentes contornos precisos, pode-se sempre começar algo novo. Algo este que nos permita um simples rascunho ou que seja um ad eternum em tom de mensagem. Algo tal e qual uma gravura ou, quem sabe, que nos remeta a um discr...
Nova Iorque, março de 1963, fim do inverno e início da primavera no hemisfério norte. O mês e o ano não poderiam ter sido mais propícios para definir a Bossa-Nova naquele momento. No Brasil, a bossa já era uma “jovem senhora” de 5 anos, rumo ao ocaso ...
Filmes baseados em livros são uma incógnita. Costumam desapontar os leitores. Afora o fato de jamais conseguirem transpor para as telas a liberdade imaginativa de uma obra literária.Lavoura Arcaica é uma agradável e surpreendente exceção a essa inabalável regra. Inspirado na obra de igual nome escrita em 1975 pelo romancista brasileiro Raduan Nassar, o filme guarda uma surpreendente fidelidade ao livro.Autor de poucas obras, Raduan Nassar pode ser considerado o José Saramago dos trópicos pelo
Essa bengala é meu corpo, tateia o que me cerca, diz o que eu não saberia, alerta, investiga, espreita, enxerga. Estende meus braços, continua minhas mãos, é a bengala dos cegos. Avança por caminhos suspeitos, recua, para, está à beira do abismo
. (B...
Não sei se meu caso é um daqueles isolados ou se existe mais alguém que compartilhe da minha impressão. Não é a primeira vez que falo desse assunto por essas bandas, mas a banalização do absurdo está progredindo em nosso país e a política se apresenta como um grande espaço de atuação.Numa época não tão distante, por exemplo, a capa da revista 'Veja' era um canal em que se anunciava o próximo choque de ruptura política no país. Um furo de reportagem, um escândalo de negociatas ou até mesmo um
Don't you Think it's pretty strange?All got something to hide.Cry Baby, Cage the ElephantDentre as muitas características peculiares do ser humano, sonhar talvez seja a mais curiosa de todas. Pobre é o espírito do homem que não sonha, dizem. Torcemos para que o futuro, ou a modernidade, traga ares mais salutares. Em âmbito individual, talvez sonhar nos dê conforto, mas se transpormos esta ideia para o plano coletivo, nos deparamos com um cruel paradoxo. Os novos tempos têm trazido mais angústia