O primeiro sintoma que eu iria começar a dormir era a sensação de imenso relaxamento. O corpo se soltava no banco, a cabeça pra trás, a perna esquerda perdia a força e apenas o peso da bota pressionava do acelerador. Nessa parte eu sentia uma espécie ...
Era sempre assim. Quando exagerava na bebida incorporava diferentes personalidades. Os mais próximos diziam que “baixava um espírito”, única explicação razoável para tantas e repentinas mudanças de comportamento. – Pegue, você está com cara de liso.
Quando chegar a indesejada hora
De seguir na eterna viagem pelo rio
Sombrio, fundo e do qual aflora
A fonte bruta de todo o mistério, Talvez o medo, confidente amigo,
Ou a culpa, amante rigorosa e fria,
Mas em teu barco, reduzido e antigo,
Cenas 10, 11 e 12 (Lucas Villa, 2001) X À mesa jantam a Irmã, o Cunhado e o Sobrinho do Misantropo. Cunhado – Avisaste, minha mulher, ao Misantropo, de nossos planos? Irmã – Não o trates por esta alcunha, é demasiado vulgar!
Cenas 7, 8 e 9 (Lucas Villa, 2001) VII Manhã de um novo dia. Entra no quarto do porão a criada, trazendo a bandeja com o café da manhã. O Misantropo está sentado em um dos vértices do quarto, encolhido e com a cabeça apoiada nos joelhos.
Cenas 4, 5 e 6 Dia seguinte. Entra a criada no quarto do Misantropo. Traz-lhe o café em uma bandeja não muito grande nem muito farta. Abaixo da xícara um bilhete. O Misantropo está de pé a olhar a porta como se aguardasse aquele momento.
O MISANTROPO (ou Vestígios de um Drama Universal) Atos 1, 2 e 3 I É um quarto pequeno. Fica no fundo da casa, numa espécie de porão. Nada há nele mais que uma poltrona, uma escrivaninha, um velho guarda-roupa, uma enorme estante de livros, um ba...
No quarto, sozinho e isolado, corpo febril e tosse renitente. Sem paladar e sem olfato. Tantos dias assim, sem contato físico e na ânsia pelo dia da liberdade. Contatos? Apenas por mensagens, áudios e ligações. A última ligação? O anúncio de que o seu...